O nosso trajeto até aqui não foi fácil muito menos rápido, passamos por inúmeras situações, enfrentamos com as unhas diversos obstáculos das quais não poderíamos imaginar ao desejar essa carreira como os alicerces da nossa vida futura. Começamos como sementinhas lançadas ao vento, entregues ao acaso aos braços do conhecimento, mas um desses acasos que não são assim tão acasos, porque a natureza sabe o que faz com o destino de cada um, e como vocês sabem meus amigos a Evolução segue seu curso.
Como sementes fomos semeados no jardim do Departamento de Biologia da Universidade Federal do Piauí, vínhamos carregados pelo destino de diversos lugares, cada um com um fenótipo tão próprio e tão carregado de culturas, experiências e adaptações próprias ao seu ambiente particular que em primeiro momento a impressão que se tinha era a de que um habitat tão diferente talvez não pudesse dar todas as condições de sobrevivência a cada criaturinha do pântano ali presente.
Mas havia muitos nutrientes nesse ecossistema em construção, entre eles os nossos professores, peças essenciais na nossa germinação, eles nos mostraram e nos provaram de diversas maneiras que poderíamos ir muito além dos limites que criamos para nós mesmos e que além de vitórias seria preciso passar por muitos amargos erros para que crescêssemos com a ideia que não somos perfeitos, e precisamos manter nossa mente sempre aberta para o conhecimento cientifico.
Assim alguns deles seguraram nossas mãos nos conduzindo a luz e mostrando os nossos erros, outros nos induziram ao erro e a tomada de conhecimento do mesmo, outros não nos permitiram desfrutar do aprendizado nem mesmo quando acertávamos com muito suor e noites em claro de custo, mas para esses nos criamos anticorpos eficazes e estamos aqui como prova de que quem sonha e trabalha pelo seu sonho o conquista. Mesmo que tenha doído e que a cada dia tenha se provado mais difícil, vencemos, nada nos separa dessa vitória.
Não podemos deixar de estender qualquer discurso, por mais simplicidade que se exija desse, ao nosso infinito agradecimento pela contribuição que os nossos professores nos deram, eles foram e serão para essa turma, que se considera uma pequena unidade viva do grande conhecimento biológico, as nossas mitocôndrias, industrias de energia, vontade e exemplo para seguir em frente catalisando, como eles, o saber sobre biologia e quem sabe produzindo por muitas mitoses os futuros biólogos que também educaremos.
Ao longo do trajeto nosso crescimento foi exponencial e como uma árvore genealógica os caminhos se dividiram, cada componente biótipo desse ecossistema definindo o seu nicho e buscando em um campo de estudo a sua fonte de inspiração. Alguns se encontraram na beleza do canto dos pássaros ao imaginar-se compreendo a rigorosidade do planejamento do voo das aves, outros tiveram nas aventuras das vegetações o coração acelerado com os tons e os cheiros exalados pela flora mais rica e deslumbrante que poderiam imaginar ter para si. Outros viram no código da vida a resposta para o sequenciamento do próprio destino, a palavra chave para amplitude baseada em trincas.
A paixão também surgiu pelo mundo animal, a diversidade biológica ganhando força entre nós pela sede de aprendizado sobre o encanto que o mundo vivo exerce e com ela o levantamento de forças para lutar por um ambiente que permita um equilíbrio entre as necessidades que temos como bicho social e o resto do mundo, com muitos braços hasteando bandeiras para políticas ecologicamente corretas.
Talvez entre tantas tendências haja aqueles ainda em definições sobre seu curso evolutivo a seguir, mas nem mesmo esses ou aqueles que já planejam os próximos passos deixaram de se encantar com a magnitude da beleza Bioquímica dessa nossa existência, cada molécula contribuindo em vias espetaculares para o nosso triunfo.
Há aqueles que amaram tanto a biologia que tiveram que partir, mas não nos deixaram, pois carregados dentro de nós carregam um pouco da gente em qualquer lugar da biosfera, em qualquer situação. Deixaram suas marcas como registros fósseis que nem mesmo o tempo conseguirá apagar. Dessa seleção natural somos os portadores de uma das adaptações mais favoráveis que uma criatura Bio pode ter, somos dotados de conhecimento, fé, vontade de aprender, iluminação e sobretudo de amizades sinceras.
Podemos ver a vida como um ciclo e em cada etapa vencida a renovação das nossas forças, dos nossos sonhos. Com a conclusão da graduação começamos uma nova etapa do ciclo e seguiremos novos trajetos, mas nem mesmo as distâncias que venha a surgir tirarão de nós as lembranças, das brincadeiras, dos risos, das viagens, festas, e porque não as refeições insubstituíveis no RU. Nada fará com que esqueçamos as bagunças e as muitas vezes que procuramos um pouco de consolo no amigo do lado, ou um pouco de diversão com alguma expedição maluca extraclasse em nossos companheiros que podemos assim chamar por pura convicção de nossa família.
Chegamos como sementinhas, germinamos, crescemos e em cada dia cada situação nos tornou mais apto a sobrevivência, ainda não somos grandes árvores, e talvez o caminho para o topo do céu ainda esteja um pouco longe, mas temos os ventos soprando a nosso favor e cresceremos, porque é nosso destino crescer, que tenhamos colênquima e esclerênquima suficiente para não nos dobramos nem as grandes nem as pequenas tempestades que virão. Aos queridos Biólogos Federais fica com todo o carinho uma mensagem escrita por Vinícius de Morais:
“Quem já passou por essa vida e não viveu,
Pode ser mais, mas sabe menos do que eu.
Porque a vida só se dá pra quem se deu,
Pra quem amou, pra quem chorou, pra quem sofreu.”