Eu havia mudado desde que ele entrara na minha vida, mudei para melhor, não com uma dessas mudanças que se muda para agradar alguém, mudei porque ele me fazia tão bem que naturalmente, sem pressa, sem sacrifícios eu me tornei uma pessoa melhor. Agora que ele se foi, agora que ele deixou o vazio do abandono aqui... Agora quando alguma coisa, algo, ameaça me ferir eu penso: TOMARA QUE CORTE, QUE RASGUE, QUE FIRA PROFUNDAMENTE, DILACERARE MINHA CARNE... E QUE O SANGUE VAZE, TODO O SANGUE... QUE DEPOIS OS VERMES SE ALIMENTEM DO QUE SOBRAR, ROENDO, COMENDO, ACABANDO COM TUDO QUE AINDA TIVER, ATÉ QUE NÃO SOBRE NADA. ATE QUE NÃO SOBRE AMOR NENHUM. A dor me mudou mais, de um jeito frio, não dessas mudanças advindas de lições de vida que se aprendem com grande custo, mais como uma mudança de estado físico, de sólido ao sombrio, de real ao atópico. Distante e triste, muito triste.

(Kelly Martins - Madrugada do dia 16.03.2011)