Diga-me não
e será tua ultima palavra
 referida a mim.

Já negastes o teu interesse
isso não basta?
Queres dizer também esse não
parado de quem responde
pelo vago motivo
de julgar necessário a outra pessoa...

Há algum tempo eu quero deixá-lo
E se ainda não o fiz
é pelo motivo real de
que não existe conteúdo
entre nós...

Não há uma história para deixar para trás,
E como abandonar o que não existe?
Mas diga,
diga o não que sem sentido queres dizer-me!
Diga!

Negue-se, faça esse favor...
Não sentirei saudade do que não foi
nem mágoas dos atropelos que não ocorreram.
Tão pouco me darei o trabalho de dizer adeus,
meu adeus é reservado aos poucos
que com grande esforço
saudades deixaram...

Mas deixarei
que você saboreie suas negativas
o silêncio esplêndido da solidão
 

Mil


De mil maneiras eu posso calar o amor
de mil nomes posso chamá-lo
dando a você
o cargo
de amigo
colega
ou conhecido
e de mil formas ainda será amor.

amor que não se cala
e se entristece no silêncio
do reflexo de um espelho vazio
que ficou solitário
quando tudo aqui
passou a ser de um
dourado amargurado

de mil formas posso sorrir para o seu sorriso
de mil formas posso receber o seu adeus
com mil estrelas
posso incendiar os teus caminhos
e com mil lágrimas
permanecer sem um beijo seu.

mil pés cansados
virão desse poema
dizer-me que você
já me esqueceu
e em mil frases eu
direi que já por ti não sinto amor
e mil mentiras rirão da minha dor

e no final
quando a lua velar
meu fim
que se apagou nesse fingir
não querer-te
mil vezes a lua dirá que foi amor.
 

Borboleta dos Amores



Sempre me perguntam o motivo de eu ser a borboleta dos amores, e o motivo
se resume a esse poema de Casimiro de Abreu, meu preferido, confira:


Borboleta

Casimiro de Abreu


Borboleta dos amores,
Como a outra sobre as flores,
Porque és volúvel assim?
Porque deixas, caprichosa,
Porque deixas tu a rosa
E vais beijar o jasmim?


Pois essa alma é tão sedenta
Que um só amor não contenta
E louca quer variar?
Se já tens amores belos,
P'ra que vais dar teus desvelos
Aos goivos da beira-mar?

Não sabes que a flor traída
Na débil haste pendida
Em breve murcha será?
Que de ciúmes fenece
E nunca mais estremece
Aos beijos que a brisa dá?...

Borboleta dos amores,
Como a outra sobre as flores,
Porque és volúvel assim?
Porque deixas, caprichosa,
Porque deixas tu a rosa
E vais beijar o jasmim?!

Tu vês a flor da campina,
E bela e terna e divina,
Tu dás-lhe o que essa alma tem;
Depois, passado o delírio,
Esqueces o pobre lírio
Em troca duma cecém!

Mas tu não sabes, louquinha,
Que a flor que pobre definha
Merece mais compaixão?
Que a desgraçada precisa,
Como do sopro da brisa,
Os ais do teu coração?

Borboleta dos amores,
Como a outra sobre as flores,
Porque és volúvel assim?
Porque deixas, caprichosa,
Porque deixas tu a rosa
E vais beijar o jasmim?

Se a borboleta dourada
Esquece a rosa encarnada
Em troca duma outra flor;
Ela - a triste, molemente
Pendida sobre a corrente,
Falece à míngua d'amor.

Tu também minha inconstante
Tens tido mais dum amante
E nunca amaste a um só!
Eles morrem de saudade,
Mas tu na variedade
Vais vivendo e não tens dó!

Ai! és muito caprichosa!
Sem pena deixas a rosa
E vais beijar outras flores;
Esqueces os que te amam...
Por isso todos te chamam:
- Borboleta dos amores!

Rio - 1858
 

BLOGGER REFORMULADO *___*

O Blogger hoje ganhou uma roupagem nova, desenvolvida por mim graças ao site http://www.dotemplate.com/dt/home.do que permite editar o template e adequá-lo ao
gosto e a necessidade do autor .

O meu ganhou um visual novo com banner feito especialmente por mim com dois símbolos que me caracterizam
a Estrela Dourada e a borboleta, preta [sombria] e dourada, representando a minha versão borboleta dos amores, a cor rosa fica em destaque, lembrando a mim mesma o meu lado feminino e meio gay.

Se em algum momento na leitura de textos antigos não conseguir visualizar as letras é possível que seja preciso a seleção delas pois os templates antigos possuíam configurações diferentes em relação as letras.

Abraços
Kelly Martins
 

Julga-me sombria,
calada e fria...
Mas nunca reparou na cor real 
dos olhos meus.
Se as pessoas não me olham
o bastante para me ver
que culpa tenho eu?
Sombria sou se não me revelo;
que seja!
Mais sombria ainda é a tua necessidade
de me conhecer por fora
querendo entender as metáforas 
bobas que por hora saem da minha boca.
Eu sou bem mais do que eu digo
e esse mistério você não
pode descobrir apenas me ouvindo ou
me lendo ou me querendo...
é preciso um pouco mais,
somar as faces 
e a simplicidade 
das cicatrizes 
que trago... não dá pra saber quem sou
só pelo que eu digo aqui...

Você vê em  meus olhos a
cor da noite escura
você acredita que é difícil demais saber a
profundidade que há da superfície a minha alma,
mas se você olhasse mesmo
veria que tenho olhos
cor de castanho rasos,
que é mais simples me compreender
do que qualquer um julgaria possível.

 


Acredito nas primaveras floridas que só o seu olhar
entrega as minhas desventuras de solidão


Sua voz é minha esperança remanescente 
é o meu algoz e me inflige força
e me critica os dias da ilusão de sobreviver
um segundo a mais após um outro que eu morri
em grandes termos espaçados..


Verões resgatados em meio ao gelo frio
da correria do tempo que eu deixei perdido a passar
por entre os fios finos do meu cabelo azul.
foi o teu relâmpago
a causa do retorno do sol 
por mais curto que o dia fosse e por mais longo
que o silêncio da morte no anoitecer tenha superado 
os versos, eu vivi um momento graças a você


No Outono não haviam mais esperanças e as murchas
alegrias floridas permanecem em cinza cálido
esquecidas no vão das lembranças que esperavam adormecidas 
um tempo que colocasse as estações em ordem


Havia fogo no inverno seco e sem lua
fogo que o vento trazia do leste e subia 
serpenteando nas brisas
consumindo o que não foi ..
perdendo o futuro 
caindo 
para encontrar outra vez
as primaveras floridas do teu olhar
que me traziam algo aquém da calma
algo que assim poderia se chamar até de amor...
 

Noite



Essa noite eu sabia que não conseguiria dormir bem,
seria preciso ser vencida pelo cansaço 
esperar que meu corpo já não suportasse mais
antes de me deitar...


Se eu me entregasse aos travesseiros antes disso
eu teria sucumbido à imagens vagas
e torturantes e eu jamais conseguiria dormir outra vez...


Pensar em minha vida me causa tontura e
calafrios.


Eu prefiro que o sono e a necessidade me consumam 
antes de me desligar,
de reiniciar,
antes de tentar adormecer...


Derrotada eu sucumbi
o coração cansado 
e os olhos lavados por dentro e por fora
eu não senti o mundo nem
abaixo nem acima de mim e dormi.


Quando acordei estava inchada
explosiva e ainda cansada
com um relâmpago dentro do crânio
uma sensação entorpecente
de quem correu de um furação
e se afogou numa enchente...


Uma dor de quem desmorona e não tem de onde cair.
 
Meu mundo esta ficando cada vez mais vazio e apertado...
A cada nascer do sol se torna mais sombrio,
Sem graça, sem calor...
Não posso viver num mundo tão pequeno
e eu não aprendi a construir nada...
O que farei? Cercada de tudo,
Nenhuma cor é do meu tom
e  só posso alcançar  o nada.
O que farei se minhas lágrimas se sentem
 inúteis o bastante
Para não se derramarem sob meus olhos...?
E tudo q existe é essa desesperança
De que o mundo jamais voltará a ser
Colorido.
O que eu deveria fazer?