Inspirada por algo que eu já não lembro mais resolvi escrever-te. Vejamos, creio que o mais correto seria começar por uma apresentação formal. Muito bem, sou Kelly Martins, ou pelo menos é como me chamam, os amigos, parentes e conhecidos, tenho alguns anos de idade que diferem bastante dos meus vários anos de maturidade, que devo confessar anos esses instáveis e rebeldes que se expressam de acordo com sua vontade variando com as situações...
Faço às vezes coisas que me agradam, coisas que eu normalmente não conto a ninguém, mas pensando bem que coisas eu conto? Conto o mínimo que posso, eu sei que isso é meio sombrio... Mas sei que quem ouve não compreende, não vê de fato a real essência do q eu queria dizer, isso me frustra. Ninguém é capaz de dimensionar uma dor, ou uma felicidade a não ser aquele que sente! Então me diga, para que desperdiçar minutos e minutos compartilhando minhas vagas e banais experiências? Isso não vai interferir na vida do ouvinte, talvez lhe acrescente uma dose de tédio. E ser chata é algo que temo.
Ah, meus temores, são tantos que talvez não seja melhor não comentá-los agora. E de fato muito do que constrói o homem são seus medos. Aquilo do que se esconde. Não quero falar disso, não com você. Ou talvez não no momento. Eu também sou imprevisível, e sendo assim não espere que eu escreva em futuros próximos, não me alio a rotinas ou ao compromisso de lhe contar sempre qualquer coisa ou outra. Então talvez você apenas nunca saiba o que eu temia de fato... Apenas aceite.
Creio que tenha percebido até aqui um pouco do que trás minha personalidade. E se um dia voltarmos a nos encontrar quem saiba possa lhe contar mais coisas... Por hora, creio que já seria o momento de deixarmos as formalidades e nos considerando grandes amigos eu possa, como é costume, contar alguma coisa banal que não mudará em nada nem minha vida nem a sua, mas porque eu quis se fará existir. Então aqui esta um fato que me ocorreu essa tarde e que eu gostaria de compartilhar com você:
Voltava para casa a pé, e eu simplesmente amo caminhar, não faço idéia da hora exata, mas era o final da tarde, de modo que ao virar uma esquina eu tive uma das visões mais belas e mais tristes de minha vida. O céu apresentava um laranja escuro tão intenso e incandescente que senti minha boca abrir sem um movimento consciente para isso, meu coração pareceu perde-se no ritmo. Aquele céu perfeitamente desenhado, parecia uma obra de arte rigorosamente arquitetada para causar espanto e choque. Deixava registrado um momento que não haveria mais, pois como imagino que saiba, querido diário, cada pôr-do-sol é único.
Uma beleza incontestável. Mas uma beleza triste, pois aquela intensidade só mostra com a mesma força o grau de poluição do ar... Quanto mais laranja ou vermelho o pôr-do-sol é mais poluído o ar esta. Isso me incomoda, me frustra, o mal nem sempre tem uma cara justa, não é... algo indefinidamente atrativo é errado e o que mais parece vivo esta morto. Será que em algum momento, minha vida é assim também, uma mascara de vida e luz e a verdade de um vazio profundo e sombrio? Talvez eu saiba a resposta... talvez eu te conte... por hora, apenas aceite.
Até mais.
Ou não.
Kelly Martins
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