2ª parte

Alguns amigos gostaram da 1ª parte dessa história, então resolvi escrever a 2ª espero que esteja à altura das expectativas

...[Continuação] 01...
Aquela luz me cegava e me trazia a sensação de que eu desaparecia entre o estado de medo e o desejo de saber o que afinal me buscava com tamanha intensidade. A luz forte cedeu lugar a uma sombra, estranhamente o gosto amargo de quem passa horas sem comer me corroía a boca enquanto a sombra tinha uma forma humanamente conhecida.
Meus olhos lentamente foram se adaptando ao tom do ambiente e aos poucos podia distinguir imagens e cores ao meu redor. Aquela sombra que vinha em minha direção me fazia recordar da realidade... Eu estava acordando... Agora sentia e tinha a plena certeza de que estava no mundo real, tudo que se passará os sabores, os aromas, a mesinha e todas aquelas sensações eram de um sonho longo e noturno e eu tinha nas mãos ainda o toque, a vibração de ter estado naquela cozinha amarela...
A sombra finalmente chegou até mim me beijou a testa calorosamente, seus lábios úmidos me davam um conforto de quem volta pra casa depois da guerra... Não só estava no mundo real agora como reconhecia cada parte dela... Quem estava aos pés da minha cama era meu mais doce amigo Gabriel.
Quase um anjo ele tinha um ar tranquilo e solene, suas vestes e seu cabelo davam-me a certeza de que ele também havia acordado agora. Morávamos juntos há quase três anos e todos os dias era ele quem me acordava pela manhã abrindo a porta e deixando que a luz da janela no corredor de frente a minha porta entrasse me dava um beijo na testa e me desejava bom dia num tom que não ouvia de mais ninguém, sua voz trazia tamanha sinceridade que eu sabia que o dia seria mesmo bom...
Acordada daquele estranho sonho eu podia perceber que algo em mim mudará. E foi em baixo do chuveiro sentindo a água fria escorrer pelos dedos do pé que tive a sensação que aquele dia não seria igual aos outros...

...[Continua]...

Kelly Martins
 

A culpa é minha?


Será que a culpa é mesmo minha?
Você diz tão claramente
Que sua vida não esta bem
Como quem diz que sem mim
Ela estaria...

Seria mesmo justo me tratar
Assim aos gritos?
O meu sofrido coração não conta?
Esses olhos tristes e baixos
Não te dizem que estou sofrendo também?

Queria eu ser a solidão das tuas
Queixas e leva-las para longe de ti...
Ser a solução pro frasco de perfume
Que o tempo esvaziou...

Mas sou só eu outra vez
A escutar baixinho tuas lamurias
De uma vida que eu não pedi pra ter...
A sentir o calorzinho de uma lágrima
Que cai quietinha em direção
Ao largo chão...

Será que a culpa é mesmo minha?
 
Quando chegamos à sua porta fomos recebidos por um largo sorriso acolherdor,
parecia de novo que eramos o todo que fomos. Ela abriu a porta antes que batessemos,
sabiamos que nos esperavam, mas jamais imaginamos que fossemos tão queridos.
Mesmo assim aquele lugar ainda tinha um tom sombrio de um passado ausênte, estar lá
outra vez era como voltar a um passado que não se viveu e mesmo assim estar com a mente
lotada de lembranças.
A pequena mesinha perto do telefone na sala estava exatamente como nas minhas lembraças, um fino pano trabalhado em crôche branco pendia além das bordas de madeira negra e trazia em cima de si um vasinho igualmente branco e delicado com uma única rosa que solitária se inclinava para o sol que entrava pela janela.
As mesmas luzes e o mesmo som invadiam a pequena sala e outra vez eu via as visitas sentadas no largo sofá com seus risos e suas conversas demoradas de como fora o ano e sua produtividade.
As perguntas também não haviam mudado eram sempre indações sobre a universidade e os namoros o que durante toda minha vida me pareceu uma preocupação delicada agora tinha um tom leve de deboche e curiosidade. Naquela sala as horas variavam como num sonho incomum em que eu via o aquele passado se processar.
O cheiro vinha da cozinha amarela como um sopro de vida e invadia as minhas narinas despertando um estômago adormecido que agora se mexia em fúria. A sensação do caldo quente descendo pela garganta parecia que revelava um mundo de sabores que não existia longe dali. Pela primeira vez me sentia confortável, me sentia em casa.
O riso que percorria pela sala de jantar tinha um tom familiar, uma proteção, um calor, possuia forma, cor e dimensão. Podia, num abuso ainda mais forte, sentir-lhe no tatear e mesmo que eu olhasse pras sombras poderia ter a absoluta certeza que ele existia...
Estava envolvida pela alegria que me preenchia o corpo e alma. Sentia-me leve e nada se passava, não tinha lembraças de outros ares, nem de outras pessoas, nem de outras vidas. Só sabia que eu estava ali e que tudo aquilo bastava...
Uma luz mais forte vinha da mesma janela ao lado da mesinha e o sol que antes tinha cedido lugar as sombras do luar veio outra vez. Sua luz feria os olhos e mais que isso passava por mim como se eu fosse um fino aparato de vidro, eu agora sentia que na verdade eu não era real, todas as lembranças que eu sabia que existiam não eram minhas e as minhas eu não sabia onde estava... a luz tomava meu lugar na existência... e tudo que um dia eu havia sido estava indo não pela força da escuridação, mas pelo desejo da luz... e depois dela eu só tinha que esperar pelo que ainda vinha...
(...)Continua(...)

المحارب الاميرة Kεℓℓy Mαятiиร المحارب الاميرة