Pra mim


Queria ser veneno
e ter do teu veneno.
Queria misturar
minha boca na tua
e derramar minha loucura
abaixo da tua cintura.
Queria morder um pedaço
da carne do teu coração e
devorar tua alma
te dando de mim
a parte que tu queres.
Queria ser feixe luminoso
acordar teus olhos
para olhar para mim.
Ser cheiro de paz
e calor de guerra
te levar num delírio único
para longe só
pra tê-lo só pra mim!
 

Falta você


Eu também sou alegria, as vezes gestos, bondade e doçura... Mas nunca algo completo, sempre falta você.
 

Blefes

Seus jogos de palavras... Blefes tão mal elaborados que eu engulo meramente para lhe dar o prazer de achar que me engana. Eu quis, não quis ? Quis preencher sua vida de todos os prazeres disponíveis e embora esse em particular não tenha nada agradável para mim  engulo e finjo que é macio, sobre tudo porque aquilo que quero lhe dar é muito mais importante para mim do que aquilo que quero receber.
 

Nossas posições


Há coisas e pessoas que valem certos riscos. Durante muito tempo você foi uma delas. Mas parece que você não queria estar entre elas. Então fiz tua vontade, pois é de minha natureza, te amando tanto, lhe dar exatamente aquilo que você quer.
Forçosamente cedo a prioridade a qualquer coisa em minha vida te deixando sempre para depois, em último plano. E bastaria uma palavra sua para mudar nossas posições, pois uma vez tendo meu coração entrelaçado ao seu, eu estaria onde estiveres.
Seguimos assim, ambos em último plano um na vida do outro.
 

Você Dorme ?


Você nunca dorme ?

Tenho sido questionada demais por essa pergunta bisbilhoteira. Mas sim eu durmo... raramente na mesma hora que a maioria das pessoas normais dormem é claro, mas durmo. No começo eu fui deixando para dormir apenas quando o cansaço fosse tão intenso que eu não poderia me recusar a deitar.
Os pensamentos que me acompanhavam na cama me faziam ficar numa tristeza tão profunda e mais e mais pensamentos assim brotavam depois que um surgia. Comecei a temer ir para cama comigo. Então fiz assim, me distraia com tudo que eu podia, cansava minha mente, meu corpo, meu espírito, até não suportar mais.
Mas fui ficando mais forte, mais resistente a medida que a noite era devorada pelas horas, e cada dia a sensação de “eu-não-aguento-mais-preciso-mesmo-dormir” foi ficando pra mais tarde. Agora estou assim, durmo quando os primeiros raios do sol chegam a minha discreta telha transparente acima da cama. As vezes deito e fico apenas olhando para essa passagem por onde o sol vem anunciar que é hora de desaparecer.

Kelly Martins
 

Constante

Não tenho sido tão inconstante como sempre fui. Minha constância se baseia no silêncio. Tenho sempre inúmeras palavras não ditas que me fazem calada admirar minha inércia diante de um espelho trêmulo ou um horizonte chuvoso.
Fico constantemente imaginando o que seria se eu dissesse minhas palavras feridas e no final sempre desisto de proferi-las, guardando-as em abrigo seguro dentro peito. Ali elas tem sua utilidade, servem para tapar o buraco imenso que ficou e assim mesmo as coisas ruins não são desperdiçadas.
Sigo assim, constantemente trancada em mim.

Kelly Martins
 

Resumo da minha vida nos últimos meses

Os espaços de tempo são curtos quando imaginamos o quão rápido passam as marcas dos anos, mas tanta coisa acontece e preenche cada espaço entre essas marcas que percebo que vivemos, mesmo estando apenas parados, coisas demais. Tem sido assim os últimos meses. Levantei, desistir, reconquistei, venci e perdi inúmeras coisas.
No começo do ano eu estava toda bobinha, ria para qualquer excesso de luminosidade ou mesma para a ausência dessa. Havia flores e cores, os meus planos eram concretos práticos e realizáveis. Mas os dias foram passando e sendo preenchidos pela realidade e sua exigência máxima de dedicação esmagando a facilidade que eu acreditava que iria ter.
Tive minha cota de decepção, e algumas atitudes que eu tomei diante delas fizeram com que eu perdesse em grande parte o interesse que eu tinha em expressar meus sentimentos através da escrita de frases, textos e poemas. Fui afundada irrevogavelmente no mundo de criação de outros autores e em especial Caio Fernando Abreu que apresenta textos de uma paixão tão incompreendida e dolorida quanto a minha. Não gostaria de me perder dessa lembrança, compreendi o que Caio dizia no ano de 2011, quero lembrar disso mesmo daqui a 80 anos.
Meu trabalho foi árduo. Apanhei inclusive, mas consegui vencer na primeira tentativa e isso é algo que atribuo à lembrança de uma das frases mais duras e significativas que ouvi de meu pai: “Se vai tentar, se vai se atrever a perder seu tempo com algo é melhor se dedicar, é melhor fazer dar certo de primeira”. Acho que em algum lugar ele soube que deu certo ter me dito isso. Conclui 4 anos e meio de graduação e embora eu ainda não faça a menor idéia do que fazer de agora em diante tenho alguns esboços de planos e farei valer a frase a cima em relação a isso também.
Não vou dizer que fiquei mais feliz ou mais triste, eu sempre fui uma confusão de ambos, uma inconstância, justificando sem duvidas o meu titulo de borboleta. Mas me sinto mais velha, amadureci, em minha incerteza alguns preciosos anos. Espero jamais retroceder. Tem sido difícil chorar agora, eu choro bem pouco... embora tenha quase sempre um nozinho que jamais se desfaz na garganta, que eu aprendi a camuflar com sorrisos, piadas e um jeitinho de fazer as pessoas pensar que vai tudo bem.
Ter me aberto a certas emoções fez com eu aprendesse a escutar um pouco mais as pessoas a minha volta. Eu gosto disso, gosto de poder lhes dizer algo que faça com que elas melhorem, mas quase sempre escutá-las já é algo que ajuda. Quase sempre faço o mesmo, demora alguns dias para decidir admitir com todas as letras e confessar o motivo de uma tristeza a algum amigo, mas ai eu penso sempre comigo, vai passar, se daqui a uma semana ou um mês ainda estiver doendo assim eu falo com alguém. Vou terminar esse texto confissão por aqui. Ainda há meses nesse ano e muita coisa ainda pode mudar. Melhorando ou não.

Kelly Martins