Os espaços de tempo são curtos quando imaginamos o quão rápido passam as marcas dos anos, mas tanta coisa acontece e preenche cada espaço entre essas marcas que percebo que vivemos, mesmo estando apenas parados, coisas demais. Tem sido assim os últimos meses. Levantei, desistir, reconquistei, venci e perdi inúmeras coisas.
No começo do ano eu estava toda bobinha, ria para qualquer excesso de luminosidade ou mesma para a ausência dessa. Havia flores e cores, os meus planos eram concretos práticos e realizáveis. Mas os dias foram passando e sendo preenchidos pela realidade e sua exigência máxima de dedicação esmagando a facilidade que eu acreditava que iria ter.
Tive minha cota de decepção, e algumas atitudes que eu tomei diante delas fizeram com que eu perdesse em grande parte o interesse que eu tinha em expressar meus sentimentos através da escrita de frases, textos e poemas. Fui afundada irrevogavelmente no mundo de criação de outros autores e em especial Caio Fernando Abreu que apresenta textos de uma paixão tão incompreendida e dolorida quanto a minha. Não gostaria de me perder dessa lembrança, compreendi o que Caio dizia no ano de 2011, quero lembrar disso mesmo daqui a 80 anos.
Meu trabalho foi árduo. Apanhei inclusive, mas consegui vencer na primeira tentativa e isso é algo que atribuo à lembrança de uma das frases mais duras e significativas que ouvi de meu pai: “Se vai tentar, se vai se atrever a perder seu tempo com algo é melhor se dedicar, é melhor fazer dar certo de primeira”. Acho que em algum lugar ele soube que deu certo ter me dito isso. Conclui 4 anos e meio de graduação e embora eu ainda não faça a menor idéia do que fazer de agora em diante tenho alguns esboços de planos e farei valer a frase a cima em relação a isso também.
Não vou dizer que fiquei mais feliz ou mais triste, eu sempre fui uma confusão de ambos, uma inconstância, justificando sem duvidas o meu titulo de borboleta. Mas me sinto mais velha, amadureci, em minha incerteza alguns preciosos anos. Espero jamais retroceder. Tem sido difícil chorar agora, eu choro bem pouco... embora tenha quase sempre um nozinho que jamais se desfaz na garganta, que eu aprendi a camuflar com sorrisos, piadas e um jeitinho de fazer as pessoas pensar que vai tudo bem.
Ter me aberto a certas emoções fez com eu aprendesse a escutar um pouco mais as pessoas a minha volta. Eu gosto disso, gosto de poder lhes dizer algo que faça com que elas melhorem, mas quase sempre escutá-las já é algo que ajuda. Quase sempre faço o mesmo, demora alguns dias para decidir admitir com todas as letras e confessar o motivo de uma tristeza a algum amigo, mas ai eu penso sempre comigo, vai passar, se daqui a uma semana ou um mês ainda estiver doendo assim eu falo com alguém. Vou terminar esse texto confissão por aqui. Ainda há meses nesse ano e muita coisa ainda pode mudar. Melhorando ou não.
Kelly Martins